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sábado, 25 de junho de 2011

Globo Repórter exibe o Pau da Bandeira de Barbalha

Essa noite o programa Globo Repórter exibiu uma matéria sobre a tradicional festa do Pau da Bandeira de Santo Antônio da cidade de Barbalha. Assista agora o vídeo completo da matéria:

"Santo Antônio é festejado com muito entusiasmo na cidade cearense de Barbalha, onde é padroeiro. O dia começa com banda de música, fogos e passeata. Os homens têm uma difícil missão: carregar um tronco de jatobá com mais de duas toneladas e 23 metros de comprimento. O motivo: ajudar as mulheres da cidade a encontrar marido. O padre abençoa os participantes e o tronco. A reza fortalece. A árvore precisa chegar ao centro da cidade.
Pela tradição, os homens têm que carregar o pau da bandeira nos ombros. O peso vai aumentando a cada passo. Em alguns momentos, fica insuportável, e o tronco acaba desabando no chão. Desistir? Nem pensar. O descanso é só por alguns instantes. Logo eles retomam a caminhada em direção à igreja. “Vamos chegar lá sãos e salvos, ainda hoje”, afirma um deles.
O dia já está acabando quando eles chegam ao fim do percurso. São quatro quilômetros de caminhada e seis horas para chegar até a cidade de Barbalha com o pau de Santo Antônio. Um ritual místico-religioso que se repete há mais de 80 anos. A partir dali, a multidão acompanha até a frente da igreja matriz.
As mulheres disputam os melhores lugares. Quem fica na frente do cordão de isolamento tem mais chance de romper o cerco e convencer a polícia. Elas lutam para chegar perto. Tudo só pelo desejo de tocar na madeira, passar a mão. Diz a lenda que a mulher solteira que consegue arranja logo um marido.
“Agora vou ter que casar, seja como for”, diz uma solteira.
“Há três anos eu pego e nada”, lamenta outra.
E da casca do pau, surge outra simpatia: chá de jatobá. Para as solteironas, é bom reforçar a dose. “A solteirona que toma arranja marido com certeza. Quando não arranja marido, arranja um vidão", garante a advogada Maria do Socorro de Luna.
“Eu vim de João Pessoa só para ver se me caso. Só falta esse chá", conta a consultora de vendas Ana Paiva Montenegro. O namorado de Ana já está quase convencido. Agora vai ser difícil adiar o casamento. “Agora ele casa”, diz ela. “Não escapo mais. Com o santo não tem jeito, é sobrenatural", completa o comerciante Flaviano Almeida.
Para as solteiras mais experientes, o chá é a última esperança. “Nunca me casei, estou aqui para ver se este ano eu desencalho”, conta a professora Luci Souza.
A festa só acaba quando o tronco do jatobá é erguido na praça da Matriz de Santo Antônio.
Santuário de pedra
Em Fagundes, na Paraíba, todo ano a caminhada começa pela manhã. É uma romaria de três quilômetros por caminhos cheios de lama. Para eles, é um lugar sagrado. Misticismo e religiosidade. A romaria é sempre no Dia de Santo Antônio.
Homens e mulheres que vivem da esperança vão pedir ajuda ao santo casamenteiro. Diz a crença que o sonho só se torna realidade se o devoto passar pelo buraco da pedra. E não é fácil cumprir a tarefa. É preciso se arrastar na travessia pelas fendas estreitas da rocha. É a medida do sacrifício. E uma vez só não basta. Para que tudo dê certo, o ritual tem que ser repetido três vezes.
A imagem de Santo Antônio teria aparecido dentro da gruta há dezenas de anos. A notícia se espalhou, e a pedra virou um santuário. "Vou passar porque eu tenho fé no meu Santo Antônio. Sou viúva, já casei três vezes e vou atrás de um novo casamento", conta a dona de casa Dolores Gerôncio dos Santos.
A professora Gerlane Menezes não se arrepende de ter enfrentado o sacrifício e passar sob a pedra. "Eu passei e casei. Nossa fé é o principal", comenta.
Fé ou coincidência, a verdade é que a vendedora Eliandre Barbosa encontrou seu noivo logo na saída da pedra.
“Lá mesmo eu o conheci. Começamos a conversar melhor e estamos juntos até hoje – graças a Deus e com a ajuda de Santo Antônio”, comemora Eliandre.
Casamento coletivo
No Dia de Santo Antônio, 51 noivas se prepararam para um casamento coletivo. Uma banda caipira tocou a marcha nupcial. A igreja foi o templo do forró em Campina Grande. E o juiz de direito oficializou o casamento.
"É de livre e espontânea vontade que pretendem contrair o casamento civil?”, perguntou. E todos responderam “sim”. A comemoração começou ali mesmo, no pátio do forró.
Vovós em festa
Avós que são devotas do santo casamenteiro retribuem com alegria e música as graças alcançadas. O pífano é o instrumento mais característico das festas na roça, na zona rural do Nordeste.
Na cidade de Caruaru, agreste de Pernambuco, foi criada a banda de pífanos das senhoras da terceira idade. Na banda de pífanos, elas reconquistaram a alegria de viver. “Fico doidinha dentro de casa não vejo a hora de tocar”, diz a aposentada Maria Francisca da Silva.
O pífano é feito de bambu e tem a forma de uma flauta. Elas se realizam tocando pífanos, zabumba e triângulo nos ritmos de São João. “Antes disso eu ficava no canto como uma velha. Mas hoje em dia eu não sou mais velha, sou uma criança”, garante dona Maria Francisca.
“É uma alegria, um prazer, um divertimento. Eu me sinto com 12 anos”, diz a aposentada Romana Maria de Lima.
A aposentada Angelina Serafim da Silva, a zabumbeira do grupo, marca o ritmo da banda. “É o mais importante, porque quando eu começo as meninas acompanham”, ressalta.
Para essas mulheres, a festa não trouxe só a alegria. Devolveu a auto-estima, que já estava esquecida há muito tempo."
Fonte:  http://g1.globo.com/globo-reporter/noticia/2011/06/homens-carregam-tronco-com-2-toneladas-para-homenagear-santo-antonio.html

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